Insensatos...
Os vossos desacatos
Traíram a canção
Que apelava à união
Estragaram a magia
Deste dia
De festa e de luta
Não de força bruta
As “palavras de ordem”
Não apelavam à desordem
Porque os argumentos
Quando são violentos
Não movem consciências
Geram resistências
Só a força da razão
De que nos fala a canção
Congregando os amigos
Vencerá os inimigos
Regressem pois ao refrão
Não silenciem a canção!
Acordo na madrugada
Ainda subjugada
Pela sombra do algoz
E ouço a tua voz
Soluçada
Algemada
Reclamando por Abril
Sem nuvens primaveril
E em tudo igual
Ao original
Do Portugal libertado
De vermelho pintado
Que Abril é vermelho
E não rosa velho
E de repente
Um canto imponente
Forte qual trovão
Aquece-me o coração
“Oiço ruírem os muros
Quebrarem-se as grades de ferro da nossa prisão
Treme carrasco a morte te espera
Na aurora de fogo da libertação!”
E já não te oiço a chorar
Mas a cantar
Fazendo tua a canção
Que vem da multidão
Partamos pois sem demora
Que a vida começa agora
E Maio não pode esperar!