INSÓNIA...
Noite pequenina
Plena de espertina
De sonho arredio
E sono tardio
Mil vezes tentado
Mil vezes falhado
Porque o mocho e a cotovia
Donos da noite e do dia
Só me falavam de ti
Desisti
Acendi a alvorada
Na esquina da madrugada
Roubei à brisa lasciva
A memória olfactiva
Que guardava de ti
E decidi
Adormecer a fantasia
Num afago de água fria
Ascendi à açoteia
Agarrei a lua cheia
E roubei-lhe uma fatia
Polvilhei-a de maresia
Saboreei devagar
E antes de voltar
À cama vazia
Agarrei uma fugidia
Madeixa de luar
Que virou raio solar
Zangada pela ousadia
Foi uma noite de cansaços
De lassos abraços
Plena de nada
Onde até a almofada
Extenuada quanto eu
Ao carinho meu
Se fez de rogada
(Celestino Neves – editado em 25 de Janeiro de 2015)