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TERRA MOLHADA

PROMESSA DE FRUTOS MADUROS, DE ABUNDANTES COLHEITAS... BÊNÇÃO DAS PRIMEIRAS CHUVAS DE VERÃO... DOCE PERFUME DE TERRA MOLHADA...

TERRA MOLHADA

PROMESSA DE FRUTOS MADUROS, DE ABUNDANTES COLHEITAS... BÊNÇÃO DAS PRIMEIRAS CHUVAS DE VERÃO... DOCE PERFUME DE TERRA MOLHADA...

EQUILÍBRIO INSTÁVEL

Nuvem

Inoportuna Interposição

Entre o meu sim e o teu não

Barreira

Cabeça e coração

Velocidade e travão

Conflito

Desejo inibição

Imposta rejeição

Correlação

No nosso desigual querer

Sofrida hesitação

A que leio no teu não

Difícil a opção

Entre céu e razão

Sim ou talvez não

Impõe-se a mente

Claudica o coração

E fora de questão

Fica o meu querer

Amor desejo prazer

Deixarão pois de ser

A única opção

Se com isso eu puder

Amar-te sem te ter


O poeta é um desalinhado: no monogâmico mundo civilizado, ele é o único a poder por 'direito natural', repartir a alma e o coração com vários seres amados, em simultâneo. 

O poeta nunca trai porque ama com a alma, mesmo quando a alma é todo o seu corpo fremente...

MULHER ÉS SIMPLESMENTE

 

És

Minha musa inspiradora

Senhora

Do fogo dos meus sentidos

Deusa

Das preces que rezo

Fada

Do bosque onde caminho

Ave

Meu Pássaro de Fogo

Sereia

Do mar onde navego

Música

Meu Lago dos Cisnes

Ícone

No altar que te erigi

Sonho

Do meu sono não dormido

Chão

Onde encontro equilíbrio

Cálice

Das minhas libações

Maná

No deserto que percorro

Néctar

Que me sacia a sede

És

Tudo o que tenho

Tens

Tudo o que preciso

És

O que me faz viver

Tens

A chave da minha vida

És

A minha eterna tulipa

És

A MULHER

VARIAÇÕES SOBRE UM CORPO DE MULHER...

Pressinto-te

No éter que nos separa

Ausente presente

Distante dentro de mim

E no hálito da noite cálida

Saboreio os teus imaginários beijos

Inalo da tua pele

O perfume da alfazema

Toco-te na minha mente

Mútua dádiva total

Dizem-mo os teus olhos

Na luz das estrelas

E no sorriso da Lua maior

E depois do amor

Acolho-me na tua foz

Desaguo no teu mar

Novo frémito nos percorre

Recíproca vontade

De repetir o percurso

De regressar à nascente

O teu mar de fogo na minha pele

Abraço-te na minha mente

Num amplexo ardente

Percorro-te de novo

De olhos fechados

Sorvo em ti na caminhada

O inconfundível néctar

Misto de sal e mel

Contenho-me nas margens

Neste tântrico caminhar

Sem pressa de chegar

E de novo a tua foz

Me acolhe cansado

Embalas-me nas tuas ondas

Cantas-me a canção

Das mil e uma noites de verão

Desperto do sonho

E durmo acordado

MOMENTO ÍNTIMO...

Amor dor amor prazer

Dor de te não ter

Por auto imposição

Por abdicação

Prazer

Se às convenções disser não

Se escolher a emoção

Amor dividido

Entre o amor proibido

E o que nos é permitido

No contrato promessa

Assumido na pressa

De fotógrafos apressados

Da gula dos convidados

Mas amor que fosse

Naquela modorra doce

De mel apelidada

Onde a lua é invocada

Inevitável

A geometria variável

Do coração

Aos costumes dirá não

Reconquistarei o passado

Ou presente adiado

E juro

Que o farei futuro

Sem fotógrafos apressados

Nem gula nem convidados

Amor prazer

Por te voltar a ter


Breve desresponsabilização (citando um fragmento de Autopsicografia de Fernando Pessoa):

 

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.