Mal comparado
Lembra-me aquele cão
Que morde a mão
Depois de alimentado
Esta gente sem memória
De quem na História
Nada ficará registado
Trataram de forma vil
Aqueles outros fardados
Que ficaram acordados
Numa madrugada d’ Abril
Enquanto eles descansavam
Ou de medo se borravam
Com o que fugiu pró Brasil
Mas Abril há-de voltar
E em vez da farda
Iremos dar-lhes um’albarda
Que em vez de marchar
Há-de ser em corrida
Rumo à porta da saída
Que hão-de trotar
Tarda-lhe já a passada
Na íngreme caminhada
Que não sendo Jesus
Carregar uma cruz
De tamanho porte
Como é o Freeport
E ouvir por onde passa
Os gritos da populaça
Num coro insultuoso
“Mentiroso, mentiroso”
Em vez de bajulação
É dura provação
Mas justa e merecida
Para quem passa a vida
A fazer a vida negra
Aos outros como regra!
"Não que deixes de ser linda
Quando despida
Porém quando vestida
Linda ficas mais ainda
Sei que dirão de mim
Que ou estou baralhado
Ou passei para o outro lado
Por te preferir assim
Mas não, não estou errado
Quando exibes a nudez
Não me inibe a timidez
Mas medo de ficar gelado
Que perco ao ver-te sorrir
Ao ver em ti mil sinais
De que é com os pardais
Que vou ter que competir"
E basta já de charadas
É tempo de explicar
Que do que estou a falar
É das cerejas rosadas
Que espero colher
E da minha cerejeira
Só uma mente brejeira
Poria na história a mulher