Levanto-me (uma vez mais) instável como vara de vime fustigada por um vento inexistente e tacteio no escuro o espaço à minha volta em busca de algo a que me agarrar: podem bem ser as lianas dos teus braços ou o aconchego das bóias de salvação que nunca me recusaste em nenhum momento (mesmo naqueles em que não existindo qualquer emergência, eu te procurava…)
Qualquer um desses “meios de salvamento” por si só, seria capaz de me resgatar com êxito do abismo em que me sinto afundar mas em conjunto então, garantiriam seguramente a obtenção desse desiderato…
Mas não! O que as minhas mãos encontram - porque não te encontram - é o vazio, a ausência de qualquer ponto de apoio (e ausência é “encontrar” coisa nenhuma…)
E mesmo que já o soubesse, constato uma vez mais que vazio e ausência são características de todo o espaço físico em que tu não estejas presente. E por isso não poderia ocorrer outra coisa senão esta: Sem ti, sem as lianas dos teus braços, sem o teu corpo (e a bóia de salvação que sempre nele tenho encontrado) caio de novo e mais uma vez (quiçá a última, a não ser que voltes - fisicamente - porque na verdade, em espírito tu sempre aqui tens estado!)
Sinto falta da magia
Do meu rural despertar
Onde podia acordar
Escutando a cotovia
No urbano dealbar
É bem menos musical
A rotina matinal
Que me faz levantar
Música só se gravar
Porque as aves coitadas
Partiram escorraçadas
Já não conseguem cantar
E se levanto o olhar
Para além da entrada
O que vejo é a estrada
E não o pomar
Ai como sinto a nostalgia
Dessa vida sadia!
Quiçá possa um dia
Ouvir de novo a cotovia…
Linda
Eras e te chamavas
E quando te entregavas
E me segredavas
Doces palavras
Ficavas
Ainda mais linda
Porém
Outros braços
Disputavam teus abraços
Antigos laços
Tolhiam-te os passos
Causavam-te embaraços
E a mim também
Assim
Apesar da magia
E da alquimia
Que nos unia
Chegou o dia
Revejo-o com nostalgia
De partires de mim
Vejo-te ainda
Fingindo alegria
Para a fotografia
- De branco nesse dia
Que me excluía -(*)
Uma lágrima fugidia
E como sempre Linda
(*)Porque me qiseste presente nesse dia?
O poeta é um fingidor
Se vê nuvens carregadas
Para além das cumeadas
Pinta-as de outra cor
Com a caneta
Em vez da paleta
Se nos fala de amor
E porque a rima
Às vezes termina
Em resquícios de dor
Lá tem que improvisar
Para nunca rimar
Com desamor
E de tanto fingir
Ou então de omitir
Esquece a própria dor
(Pelo menos neste dia
Dedicado à poesia
Quero ser um fingidor)
Cerejas
Lindas mas… virtuais
Que das reais
Das que agradam aos pardais
(E a mim ainda mais)
Não vejo p'ra já sinais
Mas se já tiveres das tais
Quero disputá-las aos… pardais!
PS: As cerejas (apenas estas duas...) mandou-mas a minha sobrinha Claudita...
(Neste dia da Mulher )
Falemos de sexo
Sem complexo
Do dos anjos não
Que é pura ficção
Falemos pois
Do que fazemos os dois
(Ou às vezes três
De quando em vez)
Mas alto lá!
Não é de“ménage à trois”
Que eu estou a falar
Um parêntesis para explicar:
(Falo das memórias
De outras histórias
Que de repente
Nos assaltam a mente
E depois
Se insinuam entre os dois)
Mas voltemos ao contexto:
E ao pretexto
De assinalarmos o dia
E à magia
Do último beijo
Ao ocaso do desejo
Antes de adormeceres
(Ou desfaleceres)
Foi a noite passada
- Era já madrugada
E havemos de repetir
Nas que hão-de vir
Que dias da mulher
Todos os dias hão-de ser
(E talvez o sexo possa estar
Entre os condimentos do manjar)
Ai! Roma, Roma...
Continuas em coma
A tua Fé
Já não é
A chama
Que inflama
Os corações
E se em multidões
Ainda te banhas
Elas já não são tamanhas
Porém mais perspicazes
Atentam no que fazes
Ai! Roma, Roma...
Qual nova Sodoma
Acolhes dentro de muros
Homens impuros
A quem dás protecção
E com a mesma mão
Com que comungas
Tu excomungas
É assim no Brasil
Onde um Bispo senil
Excomungou
Não quem violou
Mas a vítima inocente
E quem piedosamente
A socorreu
Por isso te digo eu
Ai! Roma, Roma...
Se continuas em coma
Acabarás transformada
Em terra, pó cinza e nada
Porque a vida continua
Mesmo sem a'juda tua
Ai! Roma, Roma...
E continuas em coma!
Viv'a Lurdes - dos Magalhães
Que já são mais que as mães
Pena que falem “magalhanês”
Em vez de bom português
Ou da Energia o Pinho
Que ador'andar de “jatinho”
E já deve um dinheirão
De tanto usar o Falkon
Viv'o Santos das Finanças
Que nos saca as poupanças
Par'a seguir “emprestadar”
A quem nos anda a roubar
E o Lino das auto-estradas
Ou das SCUT´s portajadas
Que corta no Metro do Porto
P’ra fazer um aeroporto
Viv'o Silva "malhador"
Ele que já perdeu fulgor
Prevendo que as eleições
Não dispensem coligações
Ou das Polícias o Pereira
Se abre a boca sai asneira
E com tão intenso asneirar
Nem a mosca pode entrar
E não dou vivas aos demais
Não sendo piores são iguais
Aos que acabo de citar
Pois por aqui me vou ficar
Não sem antes distinguir
Porque maior no mentir
Aquele que é no poleiro
Dos ministros o primeiro
(Que já o Povo assim o diz
"Mentes cresce-t'o nariz")