A CONFISSÃO QUE NUNCA TE FAREI...
Que és tudo o que me permite viver – o ar que respiro, a água que bebo, os frutos que me saciam, o alimento que em cada dia renova a energia de que necessito para continuar vivo (e a pensar em ti) …
Mas nesta sociedade feita de normas e convenções, tu és sobretudo e sem que o saibas (será que não sabes?) a virtual companheira das minhas longas vigílias, a causa das minhas insónias, o objecto inconfessado dos meus sonhos…
(Porque há vigílias que escondemos, insónias e sonhos que nunca confessamos)
Tu serás sempre uma página omitida no livro que vou escrevendo (e sobre o qual me perguntas tantas e tantas vezes…) porque nas poucas que já escrevi e nas muitas em que apenas pensei, tu podes apenas ser a essência mas nunca a substância, o fundo intangível mas nunca a paisagem…
Mas continuarás a ser – apesar das convenções – o meu porto de abrigo, o meu kit de sobrevivência, a dose suplementar de oxigénio em momentos de acidental apneia…
(Porque existes apenas dentro de mim e como disse o poeta "não há machado que corte a raiz ao pensamento"...)
(27-10-2008)